História da Igreja

A primitiva capela data de 1885 ou mais precisamente de 1887, ficando pronta em 1902, sendo benta pelo Sr. Bispo do Espírito Santo, D. João Nery. Em 1887, João Pedro Vieira Machado doou o terreno para que se erguesse a primeira capelinha no alto de uma pequena colina, em intenção a São João Batista, desde então padroeiro da cidade, e João e Manoel Jacintho da Silva (da Fazenda “Boa Esperança”) e João Pedro Vieira Machado (da Fazenda “Entre Morros”) doaram a área do Patrimônio que passou a ser da Igreja.

A partir desta data, fato também constatado mediante despesas lançadas no Livro de Escrituração da Capela, datado de 1909, foi-se fazendo necessária a construção de uma capela maior, em substituição à primeira, bastante arruinada e de diminutas proporções, já não capaz de acolher toda a população que vinha aumentando rapidamente com a vinda dos imigrantes italianos, espanhóis, sírios, libaneses e de famílias do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, acelerada pela chegada da estrada de ferro inaugurada igualmente em 1902. Os fiéis reuniam-se para rezar suas orações e principalmente o terço a Nossa Senhora. Uma vez por mês vinha um padre de São Pedro do Itabapoana ou de Cachoeiro de Itapemirim para dar assistência religiosa ao povo.

Pesquisando alguns livros antigos, encontramos que em 1909 o vigário da primeira capela era o Padre Henrique Sissing.  Na Escrituração da Paróquia, de responsabilidade do então escriturário, guarda-livros, Matheus Paiva, nota-se que é o primeiro Livro, Conta Corrente No. 1 da Capela. Constata-se a compra do primeiro confissionário no valor de 4$000 (quatro mil réis) além de 5$000 pagos ao fazendeiro, também carpinteiro, Matheus Paiva, pelo feitio do confissionário. Também estão listados objetos adquiridos para a Igreja como velas, bacia e jarra, 8 ½ m de seda para o tabernáculo que custaram 16$500, além de fechadura, etc. comprados de João Gonçalves Serpa.

Já em 1910 foram necessários 60$000 para obras na Capela, sendo 34$000 para telhas e caibros; notas de tintas, 100$000; cal e areia 6$000, onde se conclui que a Capela vinha permanentemente acolhendo mais fiéis, necessitando de seguidas reformas. Fez-se um crédito de 32$500 a Sepião Vaz pelo conserto da Capela, um crédito a Geraldo Viana pelo feitio de mapas de medição, marcos e memoriais do Patrimônio, no valor de 156$000 entre 1909 e 1910 pelos levantamentos da Planta do Arraial. Foram gastos 15$000 com despesas de escrituras do Patrimônio. Para capinar o Patrimônio, o valor de 24$000. Interessante, existe o pagamento já de um protesto em cartório no valor de 6$000. Houve um leilão de um novilho oferecido a São Sebastião por João Vieira da Fraga que rendeu 40$000.

Em 1918 apresentam a metragem total do Patrimônio de São João Batista de Muqui como sendo de 50.830 metros quadrados, pouco mais que um alqueire mineiro. Observa-se a importante transferência de lotes de terra a moradores e agricultores pela Igreja. Em 1909, o procurador da Igreja, o vigário, Padre Henrique Sissing, e a partir de 1916, Padre José Bernardino dos Santos e Silva, com ajuda do escriturário, Matheus Paiva, até fins de 1935, com a chegada de Padre Pedro, acompanhava nome a nome, folha por folha, ano a ano, cada pagamento até quitação total do contrato, quando repassavam a posse ao comprador. O Patrimônio da Igreja foi subdividido em pequenos lotes sobre os quais o bispado passou a incidir a cobrança de aforamento anual, um tipo de imposto vitalício pago à Igreja pela posse da área, além do laudêmio, imposto devido ao vendedor.

Tratava-se da cobrança de aforamento e laudêmio praticada até os dias de hoje em algumas áreas da cidade. Matheus Paiva era também o secretário da “Fábrica da Capela”, um dos “fabriqueiros”, como era chamada a comissão nomeada pelo Bispo Don Fernando por ato de posse de maio de 1910, presidida pelo Padre José Bernardino dos Santos e Silva, a fim de que fossem captados aforamentos em atraso e/ou doações para a reforma e construção do segundo templo, como também doações para as despesas do culto divino.

Aforamento ou emprazamento ou enfiteuse é um contrato pelo qual ocorre a transferência do domínio útil e perpétuo de um imóvel por seu proprietário, sob o pagamento de um foro (pensão) anual, certo e invariável baseado em leis do Código Civil. É o ato de concessão de privilégios e deveres sobre uma propriedade cedida em enfiteuse (aforamento) para exploração ou usufruto ao seu ocupante, pelo proprietário. Era um ato jurídico privado que se praticou até a década de 1960 em Portugal. Os aforamentos podiam ser concedidos por pessoas públicas (por exemplo, mosteiros, Ordens religiosas, etc.) ou privadas, casas senhoriais por exemplo; e geralmente eram feitos especificando um certo número de gerações em que o foro (quantia em dinheiro ou espécies, ou ambas, paga anualmente ao senhorio do foro) estaria válido, antes que o mesmo caducasse juridicamente. Tem que constar na escritura pública do imóvel e é hereditário, sendo que o prédio é devolvido ao senhorio na falta de herdeiros.

O número de gerações em que o foro mais comumente costumava ser estabelecido era três, porém isto podia variar livremente. O não cumprimento das obrigações forais, quer por parte do senhorio, ou do senhor do prazo aforado, podia fazer cessar em tribunal a constância do mesmo. Terminado o prazo temporal determinado em escritura oral ou lavrada, o foro ou aforamento podia ser ou não renovado por mais algumas gerações. O direito ao foro era pois transmissível aos herdeiros de um aforador, desde que respeitado o número de vidas combinado. No entanto, alguns, raros, prazos enfitêuticos (de foros ou aforamentos) eram de transmissão perpétua na descendência legítima do primeiro aforador. Isso permitia uma complicada teia legal de sub-aforamentos por vezes difíceis de gerir, em que o proprietário mantinha a propriedade útil sobre o seu bem, mas perdia qualquer direito de o reaver em posse plena ou de o poder vir a deixar como bem livre aos seus herdeiros por sua morte. Em um recibo pago temos o seguinte texto: “Fica debitado ao atual tesoureiro abaixo assinado a quantia de dezoito cruzeiros e 20 centavos por quanto recebeu da Sra. E. S. F. pelos foros de sua posse na rua Vieira Machado com 363 metros quadrados no exercício de 1951”.

Laudêmio é uma obrigação devida ao vendedor. Em sua concepção original, regulado no Código Civil de 1916, que decorre necessariamente de um contrato de aforamento ou foro. É uma contribuição financeira devida nas transmissões do domínio útil de imóvel aforado, representada pela 4ª parte do preço do bem em trocas e doações paga pelo comprador. O valor varia de 1 a 40%, sendo que 1% é o mais usual. Sua criação remonta aos tempos coloniais, quando a totalidade das terras brasileiras pertencia à Coroa portuguesa, que tinha interesse em promover a colonização do país, distribuindo porções do território nacional a quem se dispusesse a cultivá-las. Em troca, cobrava-se uma contribuição, que pode ser comparada a um pedágio, por estes quinhões que passaram a ser classificados como terras aforadas, fazendo com que todas as vezes que fossem comercializados, se pagasse o laudêmio, que sobrevive até hoje. Algumas pessoas confundem esta nomenclatura com Mitra. Porém, Mitra é apenas o órgão responsável pela administração do Patrimônio da Arquidiocese, bem como dos patrimônios das paróquias, que recebem os laudêmios estabelecidos no passado. Ainda temos o imposto de nome Sisa, pago ao Governo por terras devolutas.

A grande diferença decorre do fato da Coroa portuguesa não ser mais a dona destas áreas, sendo que no litoral grande parte de nossa orla pertence à Marinha, que recebe uma taxa de 5% do valor dos imóveis situados à beira-mar. Em um recibo de laudêmio, temos o seguinte texto: “Fica debitado ao procurador do Bispado abaixo assinado a quantia de trinta mil cruzeiros recebida da Sra. J. P. R. de imposto de laudêmio de 2 ½ % sobre a quantia de um milhão e duzentos mil cruzeiros por quanto a referida Sra. transfere por escritura pública o domínio útil de terreno construído ao Sr. F. A. de C. sitos à Rua Cyro Duarte contendo 294 metros quadrados, terreno aforado perpetuamente ao Bispado de Cachoeiro de Itapemirim, ficando desistido do direito de opção sobre a aludida venda”.

No caso da Paróquia de Muqui, no começo do século passado, percebe-se matematicamente a conta aplicada para cobrança dos foros e laudêmios das posses. Por exemplo, a The Leopoldina Railway Company Limited, cuja posse era de 9.955 m2, de No. 72 à Rua Vieira Machado, vencido na data, por 7 anos a 5 réis, chega-se ao valor: 9.955 x 5 réis = 49.775 x 7 anos = 348$425. Em 6 anos, de 1909 a 1915, a Leopoldina havia pago 647$075 (348$425 + 6 foros de 49.775). Dependendo da localização e uso da área era aplicado o mesmo valor de 5 réis, mas outra medida em anos. Havia também casos que conseguiam 70% de desconto com ordem expressa do Bispo, como conseguido por A. dos Santos. As multas aos foros vencidos eram de 20%.

Mediante esta Escrituração da Capela foi possível constatar a existência das ruas que já cortavam Muqui em 1909: Rua Vieira Machado, Rua dos Operários, Travessa dos Operários, João Jacyntho, Rua São João, Rua Primavera e Rua Cel. Luiz Carlos. Pouco mais adiante, Rua Dr. Poty Formel, Rua Luiz Affonso, Rua Coronel Marcondes, Travessa Capitão Marcondes e Rua Jerônimo Monteiro. Encontram-se ali também os nomes dos primeiros moradores: Família Serpa, Paiva, Acha, Mamari, Fraga, Cúrcio, Rizzo, Oazem, Amado, Chaibub, Siano, Affonso, Alves de Macedo, Lethieri, Giudice, França, Haddad, Vieira Machado e outras. Constata-se também a existência do Açougue Municipal à Rua dos Operários e a antiga Cadeia à Rua Coronel Marcondes.

Até 1910 a Capela pertenceu à Paróquia de São Pedro de Itabapoana, de Cachoeiro de Itapemirim. Em 1913 Pe. Augusto Ferreira dos Santos era o pároco. Em fins de 1914, construiu-se um lindo coreto próximo à segunda capela, ainda a ser terminada, como também uma fonte luminosa inaugurada juntamente à Praça Geraldo Vianna, em frente à Igreja, ocasião importante da instalação da canalização da água e consequente iluminação pública na vila. Os borrifos coloridos jorravam delicadamente na população durante ardorosos discursos sobre os progressos instaurados na vila sob alegre queima de fogos e entusiasta salva de palmas. Nessa época, os fiéis procuraram construir uma casa paroquial. Nas fotos pode-se observar que o relógio da torre doado pelo Major Francisco Fortunato Ribeiro não aparece em 1914 ou 1915, na fase de conclusão das obras, levando-nos a crer que foi colocado na ocasião da inauguração, mais adiante, como também os postes de iluminação.

Em arquivos da Prefeitura em 1915 lê-se um contrato assinado com o empreiteiro de obras que se fazia anunciar em o “Muquyense”, semanário da época, Fernando Cardoso Lisboa, sendo que o Presidente da Comissão de Obras da Igreja convoca a mesma para discutir o contrato da empreitada. Major Francisco Fortunato Ribeiro então disse que se prontificaria a adiantar a importância que faltava para o custeio e conclusão das obras, sugerindo que viesse a ser reembolsado após os donativos angariados e a renda recolhida dos foros do Patrimônio, mais o resultado de duas quermesses que foi de 97$000 e 68$750 respectivamente. Nesta reunião, o Cel. Matheus Paiva doou caibros e ripas e 7 dúzias de taboas para soalho, o Sr. Alfredo de Carvalho, 30 carros de lenha para queimar tijolos, o Tte. Cel. Maturino de Carvalho, 30 barrotes para soalho, o Cap. Joaquim Affonso, 72 táboas para portas, painéis e caixilhos, o Cap. José Assad, 4 dúzias de tábuas para soalho.

Em 1916, existem registros sobre a aquisição de um harmônio alemão Fabrik M. Hörügel para a Igreja, quando o Bispo da Diocese já era D. Francisco Pimenta. Os moradores da vila e os “fabriqueiros” da Capela vinham lutando para adquirir o instrumento para ser estreado na ocasião da inauguração da segunda capela em 1916, porém projetou-se a data para o dia do padroeiro em 24 de junho de 1916, no entanto só foi possível inaugurá-lo a 10 de fevereiro de 1917, pois o harmônio foi comprado somente após a decisão tomada em reunião, em dezembro de 1916, quando houve recolhimento do resultado de uma função de cinema oferecida por Siro Tedoldi, proprietário do Cine Ideal, para este fim. Após bênção e missa solene de inauguração, sob grande queima de fogos, o órgão foi tocado pelo Reverendo Pe. Manoel Porto, mais tarde o som do Hino Nacional, quando subiu aos céus um lindo balão veneziano, surpresa do pirotécnico, Pedro Pavani, em atividade desde 1913. Este harmônio foi doado pela Paróquia em 2008 para o Museu Dr. Dirceu Cardoso, Muqui e sua História, onde será preservado.

Na ocasião da fundação da Cia. de Eletricidade, em 1918, substituindo os postes de lampiões a querosene, lindos postes art nouveau de ferro batido de três braços com lustres redondos de vidro foram instalados em frente ao segundo templo, porém fotos posteriores não mais comprovam sua existência, tendo sido provavelmente retirados. Um deles encontra-se hoje na pracinha do Hotel Nunes frente à estação. Em 1918 o terceiro bispo da Diocese foi D. Benedito Paulo Alves de Souza.

Durante esta reforma, registraram-se doações como a cruz da igreja em ferro, com o número 1915 inscrito também em ferro, doada por Manoel Feliciano dos Santos, barbeiro; o sino de 100 quilos, por Presciliana Cândida de Paiva; a mesa de comunhão, por Dayer Bechara; a porta principal, por Jorge Nunes Acha; o responsório de Santo Antônio, por Lucy Tâmara; o crucifixo, por Raul M. Paraguassu Filho; o pára-vento, pela família Monteiro Lobato Galvão de São Martinho e a imagem de Nossa Senhora da Conceição, pelo Major Francisco Fortunato Ribeiro. Em 1917, o relógio público foi doado pelo Major Francisco Fortunato Ribeiro, vindo do Rio de Janeiro, quando a igreja ficou pronta e foi benta pelo Monsenhor Francisco Pimenta e organizada a Irmandade do Sagrado Coração de Jesus pelo Padre José Bernardino dos Santos Silva, chegado à Paróquia em 1916, ordenado mais tarde o primeiro Pároco da Matriz.

Em outubro de 1920 o Pe. José Ledwin veio regularizar os negócios do Patrimônio. Em outubro de 1922 o procurador do Bispado na vila foi o Sr. Antônio de Souza Brasil, a quem foram confiscados todos os negócios do Bispado.

Pelos idos de 1922, a Sociedade Liga Católica dividia as comunidades conforme a devoção a um santo e cada uma tinha seu Prefeito e Vice-Prefeito para cuidar dos fiéis. Como por ex. São Gabriel, São Luiz, Bom Jesus do Matozinhos, Na. Sra. da Penha (Fazenda “Fortaleza”). Era formada por mais de 260 homens e a mais antiga do Estado e emitiam atas a cada reunião, descrevendo ações e participações. Houve um Tríduo Solene (três dias de orações) à fundação da Primeira Liga Católica em 1923.

Em 1924, por Decreto Episcopal foi criada oficialmente a Paróquia de São João Batista do Muquy, por D. Benedito Paulo Alves de Souza , Bispo do Espírito Santo, tomando posse como primeiro vigário, Padre José Bernardino, desmembrando-a da de São Pedro de Itabapoana e elevando-a à Matriz da Paróquia, com as seguintes capelas: São José, N. Srª da Conceição do Muqui, São Rafael, São Luiz, São Gabriel e a capela em construção na estação de Mimoso do Sul, que não foi terminada, abraçando outrossim uma capela na zona rural desta cidade. A inauguração abrilhantou-se com as solenidades da cerimônia de posse, após missa solene cantada por um grupo de senhoras sob a regência da exímia musicista Srta. Elvira de Freitas. O barítono Ferreira da Silva cantou “Ave Maria” e D. Benedito Paulo Alves de Souza subiu ao púlpito e proferiu o soberbo e empolgante “Sermão Panegyrico” do glorioso mártir São Sebastião. Houve procissão de mais de 3 mil pessoas pela cidade, quando foi inaugurado o quadro de D. Benedito sob estrondosa queima de fogos (um panegírico - do grego "reunião" - era, originalmente, na Grécia Antiga, o discurso de caráter encomiástico ou laudatório que era pronunciado em grandes reuniões festivas do povo. Na sua acepção moderna, o termo designa comumente o discurso que exalta as qualidades de uma pessoa recentemente falecida).

Na década de 1930, a igreja já não atendia mais às necessidades dos paroquianos e solicitou-se ao engenheiro russo Waldemir Bognadoff a elaboração da planta para um novo templo ainda maior. Iniciaram-se então em 1931 obras da mureta da Praça Geraldo Vianna e as da escadaria da igreja.  A construção da terceira igreja teve início em 1936 e precisou de 25 anos para ser concluída.

A obra esteve a cargo de Américo Maia, autor também dos altares laterais e dos púlpitos, como de vários casarões da época. Na Festa de São João Batista, em 24 de junho de 1937, a terceira igreja já estava coberta e entregue aos fiéis. A Família Kopp do Rio de Janeiro doou a imagem de Santa Rita de Cássia. Em 1940 foi inaugurado o primeiro vitral emoldurando a imagem de Santa Terezinha, ofertado por Avides Fraga, que pediu para ocultar seu nome, fazendo figurar como sendo oferecido pelos seus filhos, Sedivas e Ana Fraga. Custou 4$000. Em 1941 Wolfango Ferreira doou a imagem de tamanho natural de Santa Terezinha mais 2 vitrais no valor de 18$600. Iniciou-se a construção dos 2 altares laterais e em 1942 já havia 14 vitrais prontos. Em 1947 foram adquiridas 2 banquetas de bronze com velas automáticas, 4 jogos de jarras de metal, 1 imagem de Na. Sra. das Graças, 1 missal e várias peças de roupa branca, toalhas e rendas.

Foi adquirido um pára-vento de jacarandá, rica e artisticamente entalhado, obra de Padre Vittorio Stringari e Bruno, professores de entalhe na Escola Técnica Federal de Vitória. Em 1948, o altar-mor e a mesa de comunhão de linda forma e arte em mármore de Carrara (Itália), engastado em bronze dourado foram encomendados em Belo Horizonte e as partes de bronze foram adquiridas em São Paulo. Custaram 80$000 pagos com donativos dos fiéis, sendo que a mesa de 12$000 foi doada pela Família Dayer.  Em 1949 foi pavimentada em mármore nacional a escadaria da Capela-mor e os degraus de dois dos altares e colocadas as portas principal e laterais de peroba, esculpidas em Vitória, também sob o comando do Pe. Stringari. A porta principal custou Cr$ 10.000,00, doada pela Família Jorge Nunes Acha. Foram inaugurados 2 grandes e ricos candelabros de bronze e todos os altares receberam jarros e castiçais de metal amarelo e bronze dourado que custaram Cr$ 40.000,00 (quarenta mil cruzeiros).

A casa paroquial antiga foi demolida e seu material vendido e, em 1944, outra Casa Paroquial foi providenciada também próxima à Matriz. Uma máquina de fazer óstias foi adquirida, pois a partir de 1946 compravam farinha para confeccioná-las. Em 1950 a Matriz adquiriu o serviço de alto-falantes da Philips do Brasil S.A., Rio de Janeiro, que custou Cr$ 28.315,00, quantia angariada pelo Padre Coadjuntor, Frei Laurentino, através da Campanha do Café. Esta compra totalizou Cr$ 30.000,00 após a compra de discos e do armário para os discos. O piano já havia sido adquirido pelo padre Olivério A. Kraemer de uma firma alemã, em 1929, também com donativos da população para a Capela São José, porém foi transferido para a Matriz.  A pintura de cenas da vida de São João Batista na capela-mor e seus maravilhosos retábulos foram pintados por um italiano, Giuseppe Irlandini, casado no Brasil. Seu trabalho foi iniciado em 1951, terminado em 1952, mede cerca de 150 m⊃2; (teto em cúpula) e custou Cr$ 90.000,00.

A pintura que se refere à "Decaptação de São João Batista", na lateral superior do altar-mor, é cópia da mesma cena a óleo de autoria de Giambattista Tiepolo, datada de 1732-33, que se encontra na Capela Colleoni, em Bérgamo, Itália. A pintura lateral esquerda inferior que expressa "João repreende Herodes" é cópia de Giovanni Fattori (1825-1908) e encontra-se em Florença, na Galleria dell’ Accademia, portanto deve ser um quadro em moldura. Por fim, a principal cena central do altar, "O Batismo de Jesus", é cópia de uma pintura a óleo sobre cobre de 1750, de Corrado Giaquinto, nascido em Molfetta em 1703, falecido em Nápoles em 1766, cuja escola era um misto da pintura italiana, francesa e espanhola do séc. XVIII, e encontra-se na 2ª. Capela lateral esquerda da Igreja de Santa Maria dell’ Ortto, igualmente consagrada a São João Batista, em Roma, na Itália.

A imagem do Divino Espírito Santo, suspensa no teto da cúpula da capela–mor em gesso é também de autoria do arquiteto russo, Waldemir Bogdanoff, especialista em edificações de tetos pesados e modelador, como também o da Matriz de Santa Rita de Cássia, na Praia do Canto. Um grande sino foi doado por Nelson Damasceno em setembro de 1951. Os vitrais foram fabricados parte em São Paulo (11) e no Rio de Janeiro (4) e doados à igreja por famílias muquienses. Os caixilhos de ferro de todos os 33 vitrais foram fabricados pelos Irmãos Moraes. Imagens da Paixão de Cristo circundam suas laterais até a bacia batismal.  A mobília da sacristia, confessionários e púlpitos foram confeccionados na Serraria São Francisco e a porta posterior e os 30 bancos da nave, cômodos e artísticos, com divisões no encosto em formato de cadeira, para proporcionar conforto aos fiéis, pelo marceneiro José Dercy, que utilizou a madeira nobre de nome gorubu.

Recentemente contam que um restaurador comentou que encontrou partes da construção da cúpula da igreja apresentando estrutura de bambu entrelaçado e amarrado com fibras de bananeira e cobertas com mistura de estuque e óleo de baleia, ao invés de terem sido utilizados tão somente ferro e material de construção comum. Uma antiga funcionária da igreja, Margarida, ainda viva, comentou que a segunda igreja era toda de madeira por dentro, chão, paredes, portas e janelas, inclusive o altar e a cruz externa. Conta ela que se lembra bem disso, pois um dia, ao ir ao topo para limpar a cruz, quebrou uma parte dela e providenciou o conserto. No canto da esquerda ao se entrar no hall da matriz encontram-se exumados sob a parede os ossos do Padre Pedro Domingos Izcara sob uma placa em homenagem aos muitos anos que dedicou à Paróquia. Frei Pedro era espanhol, da Província de Burgos, em Baños de Caldearados.

Um fato curioso é que as construções novas dos segundo e terceiro templos foram feitas sobre as antigas, uma por sobre a outra, sempre por cima da que já existia, que só era destruída quando a nova estava quase concluída. A atual Matriz foi finalmente entregue aos fiéis em 1961 . A torre central e a cruz da atual igreja são as mesmas da segunda capela, sendo que ambas foram aumentadas apenas na altura. O relógio também é o mesmo, trazendo inscrito o ano de 1917; enquanto a cruz central, que trazia inscrito o ano de 1915, talvez tenha agora também inscrito o ano de 1937, quando da sua reinauguração. O pároco que incentivou e providenciou as obras da terceira Igreja foi o Padre Pedro Domingos da Ordem dos Agostinianos Recoletos. Existe um recorte do jornal “O Município” onde o Frei presta contas das despesas da construção. Mordomo era o nome que se dava ao chefe da comissão organizadora dos festejos religiosos do padroeiro.

1º Pe. José Bernardino do Santos e Silva, de 1924 a 1928; 2º Pe. Olivério A. Kraemer, de 1928 a 1931; 3º Pe. João Tello, de 1931 a 1935; 4º. Frei Pedro, de 1935 a 1989; 5º Pe. Frei Hildebrando Vicente de Paula ( Frei Kiko), 1989, assumindo o cargo de pároco, ficando Frei Pedro como Pároco Emérito; 6º Frei Custódio de G. Miranda, 1989; 7º Frei José Paulo Viçosi, de 1989 a 1996; 8º Frei Raimundo Nonato de Oliveira. Atualmente estão atuando nesta Paróquia Frei Joaquim Canzian Filho, como Administrador Paroquial, e Frei Celso Moreira Júnior, Frei Silvestre Brunoro e Frei Didier Esperidião Neto, filho de Muqui, cuja ordenação foi celebrada pelo Bispo Dom Célio no último dia 20 de junho de 2009, como vigários Paroquiais.

Interessante notar a diferença entre os termos padre e frade (Frei). Frade vem do Latim, Fratis, que quer dizer Irmão. São comumente ligados a Ordens que seguem devoção a algum santo. Como por ex. a Ordem Beneditina (a primeira ainda na Era Medieval), Franciscana, Carmelita, Agostiniana, etc. A palavra Frei é o título dado aos frades, por ex. Frei Pedro (não frade Pedro). O frade alia trabalho e oração em conventos independentemente de se ordenar padre ou não. Um frade é obrigado a fazer votos de obediência, castidade e pobreza ao Bispo, diferentemente dos padres diocesanos que não professam o voto de pobreza. Eles não podem morar sozinhos, no mínimo na companhia de outros 3 frades.

Padre (Pastor) é o título dado ao presbítero da Igreja Católica, Anglicana ou Ortodoxa que recebe o sacramento da Ordenação, através de formação adequada em Seminários, onde se tornam diáconos, preparando-se intelectual e espiritualmente para mais tarde celebrarem os Sacramentos. Cada Igreja tem suas regras. Um padre católico pode morar sozinho na Paróquia. Um pastor anglicano pode se unir em matrimônio. Um frade jamais pode aceitar um presente da comunidade, sendo que salvo algumas restrições um padre poderia recebê-lo. Os padres hoje em dia precisam fazer a Faculdade de Teologia e Filosofia, exigência da própria Igreja Católica.

A dedicação e a influência dos padres que por aqui passaram, principalmente Frei Pedro, fizeram despertar em alguns jovens muquienses a vocação ao sacerdócio; Frei Enéias Berilli, Frei Pedro Olavo Macedo, Padre Galeno Martins de Oliveira, Padre João Batista Maroni. Além destes, dois outros muquienses seguiram a vocação sacerdotal: Padre Aramis Serpa, ordenado em 1924 e o Padre José Souza Brasil, ordenado em 1948. A população católica de Muqui mantém um costume interessante. Existe um oratório portátil de Santa Rita que há mais de 50 anos faz rodízio nas casas dos fiéis, sendo que cada família entrega à outra que se candidatou a receber tal sagrada visita por 24 h. Todos os dias, às 15h, no serviço de alto-falantes da Igreja, reza-se o terço. É chamada a Hora da Misericórdia.

A Semana Santa é muito comemorada. Na 2ª. Feira: Via Sacra até o Cruzeiro (morro muito íngreme); na 3ª. Feira: Procissão do Encontro (os homens saem de uma comunidade com Jesus no andor e as mulheres, com Na. Sra. das Dores de outra); na 4ª. Feira: Confissão; na 5ª. Feira: Missa dos Santos Óleos, celebração feita na Catedral da Diocese pela manhã e à noite, Cerimônia do Lava-pés; na 6ª. Feira: às 15h, Adoração à Cruz, à noite, Via Sacra com Procissão do Senhor Morto; Sábado à noite, Missa de Aleluia; Domingo de Páscoa, Missa da Páscoa. Muqui abraça hoje várias outras Igrejas de outros credos, todas em perfeita harmonia.

 

 

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