Nelson Mariz de Lima

Nelson Mariz de Lima


 Era Agostiniana Estudei em Muqui, ainda no Colégio Santo Agostinho, em 1957 e 1958. Ainda sei cantar o hino. Tinha, na época, 16 anos. Neste ano completo 68. Entrei no colégio sob o comando de um dos meus tipos inesquecíveis: Frei Gastão Jacinto Gomes de Santa Rita de Cássia, um ser humano absolutamente fantástico do qual, todos nós, mesmos aqueles que eram por ele castigados, tínhamos o maior orgulho. 

Falar em Frei Gastão é falar do seu fiel escudeiro Irmão Rui. Irmão Rui tinha tanta ascendência sobre a gente que, anos depois, eu, já com uns 20 anos, encontrei-o no Rio e, automaticamente, escondi o cigarro. Tive também a decepção e a tristeza de ver Frei Gastão ser substituído pelo Frei Lauro. Neste momento de Copa do Mundo, seria o mesmo que o Dunga tirasse um Cacá ou um Robinho da seleção e colocasse Walderique, atacante da terceira divisão do Macapá.

 Frei Lauro conseguiu acabar com a maior herança do fundador Dr. Dirceu Cardoso, o sentido da democracia e da liberdade. Hora de estudar, estudar. Rigor nos horários e comportamento, mas o Grêmio Euclides da Cunha era a tribuna do estudante. Vários discursos contra a administração do colégio foram proferidos na tribuna do Grêmio, por alunos de vários níveis. 

Alguns padres e alguns professores se retiravam ostensivamente em protesto, mas nenhuma medida retaliativa foi cometida contra nenhum de nós. O Grêmio era o nosso lugar, e a tribuna, intocável. Era do conhecimento de todos que só ali, no Santo Agostinho de Muqui (1958!!) isso era permitido, pois essa era a maior herança do Dr. Dirceu, que Frei Gastão fazia questão de manter viva. Até que aconteceu Frei Lauro que, entre outras coisas, nomeou um interventor para o Grêmio. Colegas meus foram expulsos, eu mesmo fui "convidado" a não retornar em 1959. Acabei indo estudar no Santo Agostinho do Rio. Isso não interessa. Prefiro me lembrar das sessões do Grêmio; lembrar da professora Maria Guilhermina introduzindo no piano o hino do Grêmio que começava com as meninas cantando: "Vibra clarim", e os meninos respondendo: "Rufa tambor"; prefiro lembrar do "frisson" que Frei Guido provocava nas meninas quando entrava (sempre depois dos outros) nas sessões; prefiro lembrar das vozes maravilhosas de Frei Guido e, principalmente de Frei Dorandir.

 Espero que vocês me desculpem. Acabei me entusiasmando e escrevendo demais. Seria quase milagroso que alguém desta época tomasse conhecimento do que estou dizendo. Ele ou ela certamente entenderiam. Não sei se estou extrapolando ou abusando, mas estou tomando a liberdade de mandar algumas fotos da época. Uma tirada no 7 de setembro de 1958, onde a diretoria do Grêmio formava a guarda-bandeira. Eu sou aquele que está à esquerda do presidente do Grêmio, Roberto "Batatinha". As outras foram tiradas em julho de 1960, ia para Vitória e resolvi passar por Muqui. Há uma foto da piscina, ainda com águas completamente turvas (brincávamos de esconder debaixo d'água); uma foto da frente do saudoso Grêmio e uma foto onde aparecem o campo de futebol e os prédios das salas de aula. Mais uma vez me desculpem estar tomando esse tempo todo de vocês, e obrigado por mandarem o convite. Vivi bons momentos só em ver as fotos. Um grande abraço em todos vocês. 

 Nelson Mariz de Lyra

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