Histórico da Era Estadual

Em 1960, tendo em vista o impasse entre o Governo e a Sociedade Instrução e Colonização - Ordem Agostiniana, pois o Governo atrasava o repasse da verba que mantinha a gratuidade das matrículas, às vezes mais de um ano, levando a Ordem a sacar dinheiro nos bancos, resultando em altos juros, impossibilitando os agostinianos de manter o padrão de qualidade do ensino e a manutenção do Colégio, a Ordem decidiu peremptoriamente vender o Colégio. Foi então decidido que o Estado compraria o Colégio.

Abriram-se as negociações no Rio de Janeiro na presença de dois delegados, Frei Lauro, o Diretor na época, e Frei Aurélio, procurador da Ordem, que havia vindo especialmente para acompanhar as negociações. Os agostinianos comprovaram despesas de Cr$ 4.800,00, entre adaptação e reforma dos prédios, o que elevava o valor em questão. Não tendo chegado a resultado satisfatório quanto ao montante a ser pago e a peculiaridades outras, as negociações foram transferidas para Vitória na presença do Governador Carlos Lindenberg e o Secretário de Educação Bolívar de Abreu, quando as decisões finalmente foram tomadas. Frei Lauro foi parabenizado, juntamente com o Frei Aurélio, por terem chegado a um acordo alto e eqüitativo. O Colégio foi vendido por Cr$ 8.000,00 (oito mil cruzeiros). A escritura pública de promessa de compra e venda foi lavrada em 11 de março de 1960 às fls 16/26 do Livro No. 106, no Tabelião de Registros de Imóveis – Muqui.

O Estado alegou, no entanto, que não tinha dinheiro para colocar o Colégio em funcionamento. Houve a princípio uma reunião dos moradores, pais e professores, no Salão Nobre do Colégio, para discutir a possibilidade de o Colégio vir a se subordinar ao modelo existente em outros municípios chamado Campanha de Educandários Gratuitos, para que a obra educacional altruística continuasse. Um grupo de moradores desejava que o novo estabelecimento de ensino seguisse o regime de fundação e foi oferecida como sede a mansão dos Assad, que logo se prontificaram a ajudar. Pediu-se também que o Governo destinasse à fundação a mesma dotação que vinha pagando à Ordem Agostiniana.

A idéia de Fundação não vingou neste momento. O Colégio passou a chamar-se Campanha de Educandários Gratuitos, mas carinhosamente continuaram a chamá-lo de Colégio Santo Agostinho. O Prof. José Ignácio Ferreira foi eleito Diretor Interino (Diretor-Técnico), explicando os detalhes aos presentes. Depois de dois meses, Wolfango Ferreira foi eleito Diretor-Executivo.

•  Diretor-Técnico
José Ignácio Ferreira (2 meses)

•  Diretora
Maria Nelly Gomes Tedoldi

•  Diretor-Executivo
Wolfango Ferreira

Lançaram-se agradecimentos ao Prefeito Genésio Fraga, ao Deputado Dr. Dirceu Cardoso e especialmente a um grupo de amigos de Muqui que se prontificou a inverter, cada um deles, respeitáveis somas em dinheiro a fim de que a cidade, no ano de 1960, tivesse um Educandário para seus filhos. As aulas começaram em março, sem prejuízo das aulas e das matrículas. Finalmente, o povo muquiense agradeceu à clarividência do Governador Carlos Lindenberg, pois seus filhos agora poderiam estudar de graça.

Mais tarde, em 1961, foi criada a Fundação Avides Fraga para ser a mantenedora do Colégio Santo Agostinho. O Estado dirigia para esta Fundação a verba anteriormente destinada aos agostinianos, mas em 3 vezes o seu volume, em razão da inflação, salários, etc. O Colégio neste momento passou a chamar-se Colégio Carlos Lindenberg em homenagem ao então Governador do Estado.

•  Diretor-Executivo
Wolfango Ferreira

•  Diretor-Técnico
Nely Gomes Tedoldi

O Colégio funcionou normalmente por algum tempo, por volta de 1962, até que a obrigatoriedade de criar-se o 3º ano do Curso Normal levou os salários dos professores, que já se encontravam defasados, a um teto impraticável. Uma delegação de professores foi ao Governador recém-eleito, Francisco Lacerda de Aguiar, para reivindicar um aumento da verba para manutenção do Colégio, de Cr$ 3.000,00 para Cr$ 5.000,00. Porém, o Governador prometeu que providenciaria a transformação do Colégio em Estadual ao invés de aumentar a verba.

O Diretor-Executivo, que esperava o aumento de verba e não uma mudança administrativa, entrou em choque com os professores, ofendendo-os, levando-os a entrar em paralização, enquanto buscavam novas soluções. Sabe-se que o Prof. Venâncio, após ter ouvido pelo serviço de alto-falantes da cidade uma ofensa dirigida aos professores, citou uma frase que jamais foi esquecida: - “Diretor, estamos de luto!”  Em 1962 a Diretoria era formada por:

•  Diretor-Executivo
Wolfango Ferreira

•  Diretor-Técnico
Edson Martins de Oliveira

Em maio de 1963, o Governador, ciente de que no orçamento daquele período não constava a previsão orçamentária para a criação deste Colégio, querendo resolver o problema e para que os alunos não perdessem o ano letivo por faltas em razão da greve dos professores, criou um anexo ao Colégio Monsenhor Elias Tomasi de Mimoso do Sul em Muqui, cujas aulas foram administradas no Grupo Escolar Marcondes de Souza. A Diretoria era formada por:

•  Diretor-Técnico
Ena Borges

Abrimos um parêntese para citar que 10 anos depois em 1973, Ena Borges, também Professora de Educação Física, foi encontrada quando dirigia seu carro em Vitória com a cabeça apoiada sobre o volante, aparentemente acometida de derrame cerebral. Conduzida para o Hospital, foi tentada uma intervenção cirúrgica, sem resultado, vindo Ena a falecer na mesa de operação.

Retomando, durante o ano de 1963, os professores dissidentes, discordantes politicamente, separaram-se e anexaram-se ao Colégio Monsenhor Elias Tomasi. Com isso os alunos do Colégio Carlos Lindenberg pediram transferência em massa para o Colégio Monsenhor Elias Tomasi, cujas aulas eram dadas no Grupo Escolar, deixando as instalações do antigo Colégio de Muqui completamente inativas. Esta situação perpetuou apenas por um ano, quando em 11 de novembro de 1963 a direção passou novamente a Edson Martins de Oliveira.

•  Diretor Geral
Edson Martins de Oliveira

•  Diretor-Executivo
Agostinho Machado Paraguassu

Neste mesmo dia em novembro de 1963, sob o Decreto Lei 1884, foi criado o Colégio Estadual de Muqui e Escola Normal Avides Fraga, instalado em 1964. O Colégio carregou este nome até o final de 1974 e as aulas voltaram a ser administradas nas dependências da antiga escola.

Desde 1963, um grupo de alunos, saudosos dos tempos vividos no Colégio, começou a se reunir no último sábado de novembro para incrementar a amizade, aproveitando os campos de esporte e a piscina, além de almoços, bailes, jogos e competições. Estes ex-alunos pretendiam se confraternizar com os formandos recentes, no Dia da Saudade, comemorado na mesma época. Mais tarde, em 1974, estes encontros resultaram na fundação da Associação dos Ex-alunos do Colégio de Muqui, que existe até os dias de hoje.

Em fevereiro de 1971 a direção passou para Maria da Glória Dutra Lopes M. Lobato.

O uniforme que era azul marinho de saia pregueada com suspensórios, blusa branca, meia soquete branca passou a saia cáqui com uma grande prega na frente e duas menores laterais e blusa branca, calça cáqui e camisa branca também para os meninos. Este uniforme cáqui não durou muito, retornando à versão azul marinho em poucos anos. O uniforme de gala permaneceu o mesmo, todo branco, com um M vermelho no peito, calça masculina ou saia pregueada para as meninas, boina e luvas brancas.

A Capela São José, que serviu de capela para os alunos católicos na Era Dirceu, contígua ao Colégio Don Fernando, embora não fizesse parte dos limites do Educandário, foi vendida pela Ordem Agostiniana em 1971 para a Cúria Diocesana, no local até o momento, sendo que a chave fica com os moradores da comunidade durante a semana, aberta para missas celebradas aos domingos. Conta o povo, que o altar de madeira monocromada que ali se encontra é o altar da primeira capela da cidade, por cima da qual se fez a segunda e finalmente a terceira igreja, que ao receber o novo e imponente altar de mármore de Carrara, se desfez deste de madeira menor, oferecendo-o para a Capela São José. Outros dizem que se encontra no Desengano, fazenda dos arredores, onde existe outra Capela com um belo altar.

Em fins de 1972, começo de 1973, provavelmente por razões políticas, as paredes grossas e sólidas do complexo principal foram puxadas e demolidas a trator. Sua piscina foi aterrada e seus campos de esportes destruídos, diante de uma inteira população impotente e estarrecida. As aulas em razão disso foram administradas em caráter provisório nos prédios onde eram os dormitórios, no patamar acima do complexo, até que algo fosse providenciado. Um fato curioso é que a Escritura Pública definitiva da compra pelo Estado foi lavrada apenas em 21 de maio de 1971, em Vitória, Reg. No. 1748, Livro 3-C fls 97, 11 anos depois da venda, pouco antes do início da demolição.

A partir de janeiro de 1973, a direção passou para Jovita Nogueira da Silva.

Depois da demolição do complexo, no local sobre a antiga piscina foi construído e terminado em 1973, o Ginásio Polivalente de Muqui, maravilhosamente equipado, onde centenas de alunos foram profissionalizados em várias áreas técnicas por mais de uma década. Dois municípios haviam sido sorteados para sediar este novo e arrojado projeto Educacional e Muqui foi um dos escolhidos. Concursos para provimento dos cargos foram efetuados, após explicação das finalidades pela Diretoria e logo seus corpos docente e administrativo estavam escalados. A direção do Polivalente ficou para Maria da Glória Dutra Lopes M. Lobato.

Além das aulas de Português, Matemática, Inglês, Ciências (em salas de laboratório), Geografia, História e outras, os alunos eram obrigados a freqüentar os cursos técnicos revezando a cada semana uma das áreas, passando por todas elas: Técnicas Comerciais (datilografia, arquivo, correspondência); Técnicas Industriais (gráfica, cerâmica, marcenaria, serraria); Técnicas Agrícolas (horta, plantio, criação, agrimensura) e Educação para o Lar (primeiros socorros, cuidados com bebês, cozinha) etc. Os alunos permaneciam em semi-internato para freqüentar todos os cursos em jalecos cinzas impecáveis. Ali se graduaram alunos que ainda hoje se recordam do avanço do ensino desta escola. Hoje, porém, encontra-se desativado, em ruínas, depredado e em total abandono, depois de sofrer abalos em sua estrutura em razão de movimento geológico na região.

Em 1973 o ex-Grêmio, ora chamado Centro Cívico Escolar Euclides da Cunha promoveu uma gincana ciclística com a participação do Colégio Estadual de Muqui, agora vizinho do Polivalente. O vencedor foi o aluno José Carlos Almeida. No final do ano, no Dia da Saudade, houve a visita dos alunos e ex-alunos à exposição de trabalhos do novo Colégio e a programação normal foi coroada por um Baile à Fantasia, quando apresentaram trajes da última festa de São João.

Em 1973 teve lugar também a 1ª. Feira de Ciências realizada pelos alunos do Polivalente do 1º. Grau, durante a qual os alunos preparam exposições e palestras sobre vários assuntos relacionados a Ciências, depois de intensos preparativos, quando pais, convidados e professores participaram durante o final de semana. Com o intuito de despertar o espírito competitivo dos expositores, foram criados 6 prêmios para os melhores trabalhos e formou-se uma comissão julgadora constituída de um presidente, a Diretora Maria da Glória Lopes M. Lobato e de 6 jurados. Foi registrada a presença de 1.200 visitantes à Feira. Os melhores trabalhos apresentados, que empataram em 1º lugar foram: “Prevenção a Acidentes de Trabalho” – demonstrando o perigo causado pela corrente elétrica e “Reflexão da Luz” – explicando os efeitos da reflexão em superfícies ásperas e polidas.

Em 24 de junho de 1974, no Dia de Muqui, a Escola desfilou sob a batuta da Diretora Jovita Nogueira da Silva, ao lado do Polivalente e da Escola de Aplicação Avides Fraga, anexa ao Colégio, prédio até hoje no local, onde parte das aulas estão sendo agora administradas em razão da recente interdição.

Em 1975, o Colégio Estadual mudou novamente de nome e passou a chamar-se Escola de 1º e 2º. Graus Avides Fraga até 2006.

•  Diretor-Executivo
Jovita Nogueira da Silva

Em agosto de 1977, os três pavilhões-dormitórios no patamar acima foram também interditados e igualmente demolidos, enquanto as aulas foram transferidas para vários locais da cidade. Após completa demolição dos pavilhões, em junho de 1981, uma nova edificação ficou pronta sob este local. Foi inaugurada pelo então Governador Dr. Eurico Rezende, porém em 1984 já foram necessárias reformas por problemas na construção.

Mesmo diante destas intempéries, cumpre-se notar que os desfiles alegóricos do Colégio ficaram na História, como até hoje suas Feiras de Ciências. São também realizadas as Olimpíadas Escolares, onde os alunos mostram seu gosto pelas matérias desenvolvendo sua criatividade e competitividade. São mantidos ainda os desfiles da Fanfarra Avides Fraga, com sua baliza em seus uniformes impecáveis e as reuniões do Centro Cívico Escolar (ex-Grêmio).

A Fanfarra Avides Fraga trouxe muitos louros para o Colégio e o Município. Foram várias vezes para São Paulo, em numerosos grupos, em ônibus fretados, sob a então direção de Maria Carmem Furtado e sua equipe de professores e instrutores. Jamais se queixaram das dificuldades de transporte e alojamento, pela distância percorrida, quase mil quilômetros de jornada. Apresentavam-se garbosamente pela avenida, conquistando o público paulista pela especial disciplina, seriedade e harmonia. A Fanfarra foi premiada várias vezes juntamente com a sua baliza, tri-campeã, Andressa Furtado, além de receber o 1º. Lugar no Concurso de Bandas e Fanfarras de São Paulo em 1980. Já comemoraram seu Jubileu de Prata e mantêm seus encontros de confraternização para ensaios e manutenção deste lastro, participando de eventos cívicos, além, o mais importante, de continuarem passando aos mais jovens o seu exemplo de civismo e patriotismo.

Abrindo um parêntese, em 2007, pela primeira vez na história da Associação, os Ex-Fanfarristas, três anos após seu Jubileu de Prata, por terem recebido homenagem da Associação dos Ex-alunos na ocasião, formaram uma segunda chapa, quando da eleição da nova diretoria da Associação. A chapa apresentada foi eleita democraticamente pela maioria presente por ter trazido novas propostas de gestão, recrutando também ex-alunos veteranos na chapa, para, além de aprenderem com eles, darem manutenção a esta Tradição, já que sem sangue novo os Encontros estariam fadados a terminar no tempo.

Retomando, em 1986 foi realizada a Abertura do III Jogos Olímpicos Avides Fraga, assim como inaugurado o Ginásio Coberto de Esportes Américo Maia na Boa Esperança. Porém os alunos novamente tiveram que ser transferidos para outros locais até o ano de 1986, quando retornaram ao prédio, mas novamente interditado em 2005 por diversas rachaduras.

O Colégio hoje oferece cursos diurnos e noturnos em caráter misto. O Polivalente, fundado em 1974, não existe mais, tendo sido abrangido como curso de 1º. Grau pelo Ginásio Marcondes de Souza. Lamentavelmente, no momento, entre 2005 e 2006, tanto o Avides Fraga como o Polivalente foram interditados por conseqüências climático-geológicas, pois os sólidos prédios de outrora foram substituídos por outros de construções “temporais”, em solo não adequado, obrigando mais uma vez os alunos a receberem as aulas em diversos locais, como a Escola de Aplicação e o Grêmio, na espera da construção de um novo prédio em outro local, pela interdição de praticamente todos os prédios da área.

No Diário Oficial de 16 de janeiro de 2006, Lei No. 8255, consta que o Colégio de 1º e 2º Graus Avides Fraga passa a chamar-se Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Senador Dirceu Cardoso” já na expectativa das futuras instalações, conforme projeto de Lei da deputada Luzia Toledo. A nova escola será resultante da união da escola de Ensino Fundamental e Médio Avides Fraga e da escola de Ensino Fundamental de Muqui, ambas condenadas pela Defesa Civil.

O projeto tem por objetivo homenagear um dos maiores educadores da história do Espírito Santo, reconhecendo seu magnífico trabalho na área da educação e seu papel como homem público do município de Muqui e do Espírito Santo. Planeja-se assim a construção de um grande Colégio no centro da cidade, porém nenhuma notícia oficial sobre o assunto foi divulgada até meados de 2007, embora o Colégio já tenha assumido o novo nome.

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