Peculiaridades

Como dissemos anteriormente, existia nos limites do terreno um prédio colonial abandonado, antigo convento, usado para o início das aulas, pequena parte do qual serviu de residência para o Dr. Dirceu e sua família e o restante, de dormitório feminino, sempre sob a supervisão de sua esposa, Da. Lisete. Ali também no porão da casa funcionou mais tarde a sede do Tiro de Guerra 79 e uma pequena prisão para os soldados infratores.

Foi também construída no segundo pavimento dos dormitórios a enfermaria do Colégio, com capacidade para 10 leitos, e atendida por um enfermeiro profissional, de branco impecável, que permanecia de plantão morando em um pequeno apartamento ao lado da enfermaria. Era tão bem equipada que os médicos que ali compareciam comparavam-na a um pequeno hospital por suas completas instalações, com maca, cadeira de rodas, balança, etc.

Atrás deste prédio, Dr. Dirceu montou uma Carpintaria completa que servia o complexo, assumida por Ângelo Trenti. Construiu também pequenas casas para funcionários casados sendo que os solteiros moravam na cidade. A cozinheira era Vitalina, conhecida e amada por todos, seus ajudantes eram Nelson, João Gordo, Cypriano e Oswaldo (que passava manteiga no pão).

Do lado de fora, atrás do prédio principal, cantava-se o Hino Nacional em posição de sentido, diariamente, na praça cívica, enfileirados como verdadeiras estátuas, sob pena de expulsão a qualquer pestanejar. Os uniformes, mesmo os de uso diário, eram minuciosamente examinados e deviam manter-se impecáveis sob pena de repreensão. Nos dias cívicos, com seu pelotão de bandeiras e banda marcial, em uniformes de gala, o Colégio saía marchando em paradas rigorosamente ensaiadas. Os galhardetes de pelotão (comandantes) eram escolhidos entre os melhores alunos que traziam as melhores notas.

Havia um Salão Nobre onde eram realizadas as sessões do Grêmio, os bailes de formatura, a colação de grau e a coroação das rainhas. Este local era temido na época dos terríveis exames escritos, pois eram aplicados neste salão na presença e fiscalização acirrada dos professores, inspetores federais e Diretores. Os exames orais ocorriam diante da banca de três examinadores quando os alunos sorteavam a matéria a ser respondida em saquinhos fechados ou em cumbucas. Mais tarde, Dr. Dirceu construiu um prédio novo para o Grêmio que servia tanto para as sessões mensais, como para as provas escritas.

Depois da hora do jantar no internato, todas as noites, pelo sistema de alto-falantes transmitiam-se músicas, brincadeiras e recados. Depois da distração, Dr. Dirceu exigia e acompanhava uma sessão de "Estudos Forçados" onde fazia todos recapitularem as matérias e prepararem as lições de casa. Contudo nos domingos, Dr. Dirceu, sua família e seus alunos, de uniforme, desciam o íngreme das ladeiras até a praça para que todos pudessem passear, ir ao cinema, etc. sempre e somente sob a guarda do casal, Dr. Dirceu e Da. Lisete. Os pavilhões-dormitórios masculinos acolhiam alunos separados por idade, a fim de melhor ordem e controle.

Em frente à ladeira de acesso ao Colégio, tinha um pequeno bar cujos donos preparavam e vendiam um delicioso puxa-puxa (caramelo) adorado pelos alunos que freqüentavam assiduamente o local, tornando-se amigos dos donos, Maneco e Maneca. Os alunos internos eram obrigados a acordar cedo, a fazer as camas como se passadas a ferro, a tomar banho frio de chuveiro de manhã, mesmo no inverno, num dia e, no outro, sair para a ginástica obrigatória com direito a cair na piscina. Momento mais esperado por todos.

Visando a boa formação dos alunos, os castigos variavam de ser expulso da classe ou das filas; de ficar de pé de rosto para a parede na sala do Diretor ou no terrível quartinho azul, onde a camisa do aluno era encostada na parede para marcá-lo de azul, mostrando a todos que havia estado de castigo; de escrever 100 ou 200 vezes a mesma frase; de subir e descer escadas sem parar de costas; de ser repreendido na frente de todos; de levar para casa, nas cadernetas, avisos das repreensões escritas de próprio punho pelo Dr. Dirceu a serem assinados pelos pais e de também segui-lo por toda parte, sempre de pé, durante o dia todo, acompanhando suas inúmeras atividades, inclusive na hora do almoço, mesmo quando se dirigia até a cidade, ao correio, ao banco, etc. castigo que todo mundo temia em receber.

As cadernetas deviam ser diariamente apresentadas na guarita (vulgo "gorita") do portão principal sob pena de não se assistirem às aulas. Elas traziam as "leis de bom comportamento" e "penalidades" tanto quanto as "recompensas" e "elogios" escritos um a um pelo próprio Dr. Dirceu. Nela vinham descritos todos os deveres e obrigações; regras e repreensões, além das esperadas notas mensais. Os pais ali recebiam as informações pedagógicas e corretivas e deviam assinar para dar ciência ao Diretor, mostrando sua co-participação ao que havia sido aplicado.

Por saberem de tal formação rigorosa, os pais de alunos problemáticos de várias regiões faziam questão de enviá-los para este Colégio, recomendando-os pessoalmente ao Dr. Dirceu que com sua alta capacidade educadora e rigidez transformava um a um fazendo deles grandes pessoas e eternos amigos. Um aluno conta que Dr. Dirceu perguntou a ele: - “O que você pretende seguir na vida?” e ele respondeu: “_ Médico, Dr. Dirceu.”, Dr. Dirceu disse com firmeza: “_ Pois então você sairá daqui um médico!... e dos bons.” Como dissemos, em princípios de março de 1953 o Colégio foi vendido para a Ordem dos Agostinianos Recoletos, pois, Dr. Dirceu, vendo-se obrigado a seguir a carreira política, além de mudar-se para o Rio e Brasília, ao se eleger Deputado, não encontrou outra forma de preservar a direção do Colégio.

Como dissemos, em princípios de março de 1953 o Colégio foi vendido para a Ordem dos Agostinianos Recoletos, pois Dr. Dirceu, vendo-se obrigado a seguir sua carreira política, mudando para Brasília quando elegeu-se Deputado Federal, não encontrou alguém que pudesse assumir o seu lugar na direção do Colégio.

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