Federais poderão unificar vestibular ainda este ano;

Federais poderão unificar vestibular ainda este ano

Fonte :  (A Gazeta)

Os estudantes que vão disputar uma vaga nas universidades federais este ano podem se deparar com mudanças. O Ministério da Educação (MEC) quer unificar os vestibulares. A ideia é criar um novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que substituiria a primeira e a segunda etapas do processo seletivo. A proposta é que o novo vestibular seja aplicado ainda esse ano, para ingresso dos alunos em 2010.

O novo Enem, com validade nacional, seria feito em um único dia, acabando com a necessidade que muitos candidatos sentem de tentar o vestibular em várias universidades do país. O estudante faria o teste em qualquer Estado e escolheria o curso e a instituição segundo a nota obtida.

Fórum do leitor: Você concorda com as mudanças propostas pelo MEC para o vestibular?

Se a proposta for aprovada, as universidades poderão criar critérios próprios para desempate nos cursos mais concorridos. Segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, a prova deverá ser voltada para interpretação e contextualização e não para a capacidade de memorização dos candidatos. A intenção é avaliar a capacidade analítica e o raciocínio do aluno, diferente do que acontece nos vestibulares atuais.

O Enem é interessante, mas carece de conteúdos. O vestibular é fortemente conteudista, mas distorce a realidade do ensino médio. Queremos um exame que dê conta do conteúdo, mas de forma inteligente, que julgue a capacidade analítica dos estudantes , comparou.

Diferenças
Hoje o Enem conta com redação e 63 questões, com enfoque em conhecimentos gerais. A nova prova seria dividida em quatro eixos: Linguagens e Códigos, Matemática, Ciências Naturais e Humanas.

A proposta será entregue segunda-feira à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e será discutida com as universidades, que podem ou não aderir ao novo Enem como forma de ingresso.

A proposta do MEC
Novo. Seria criado um novo Enem, com mais questões objetivas e incluindo discursivas, além da redação
Duração. O novo exame seria feito em dois dias. A prova seria dividida em quatro eixos: linguagens e códigos, matemática, ciências naturais (Biologia e Química) e ciências humanas (História e Geografia)

Único. O aluno não precisaria mais fazer vários vestibulares, mas apenas um que teria validade nacional

Extinção. O novo Enem pode substituir o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) para ingressantes e o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja)

EUA. A proposta é semelhante ao que ocorre nos Estados Unidos. Lá, cada universidade determina a quantidade de pontos no teste, chamado Scholastic Assessment Test (SAT), para que o candidato possa ingressar na instituição

Vaga. De posse da pontuação, o candidato passaria a procurar vaga na universidade em que a sua pontuação é aceita como mínima para o curso que quer. Nos cursos mais concorridos, as instiuições podem criar critérios para desempate, como uma nova prova

Opcional. A adesão ao vestibular nacional dependerá de cada universidade, que tem autonomia para decidir de que forma vai incorporar a prova

Currículo. A prova vai permitir a organização do currículo do ensino médio, que deverá ser unificado. Educadores contrários afirmam que a Cultura e a História de cada região ficariam prejudicadas

Andifes. A proposta será encaminhada à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que deverá se reunir em 15 dias

Resposta. O Enem acontece em agosto. Até maio o MEC precisa saber se irá mudar o conteúdo da prova
Prazo. A intenção é que o novo vestibular possa ser aplicado esse ano, para ingresso dos alunos em 2010

Ufes só fala após reunião de reitores
O reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Rubens Rasseli, foi procurado pela reportagem para avaliar a proposta do MEC de unificar o vestibular das universidades federais com a criação de um novo Enem. Mas ele se manifestou através da assessoria de imprensa e disse que não irá se posicionar até que haja uma reunião com os representantes da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Segundo a assessoria da entidade, a reunião deve acontecer dentro de 15 dias.

Proibido cursar duas federais ao mesmo tempo
A Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que proíbe alunos de fazer, ao mesmo tempo, dois cursos em faculdades públicas diferentes ou na mesma instituição. O projeto segue agora para o Senado. A restrição não vale para alunos que já estão matriculados em dois cursos. A ideia é que há poucas vagas no ensino público superior e seria injusto um aluno ocupar duas vagas. A Ufes informou que a instituição já proíbe matricula de alunos em dois cursos ao mesmo tempo.

Cursinhos divergem sobre nova seleção
Diretores de escolas e cursos pré-vestibulares se dividem quanto à proposta do MEC de criação de um vestibular unificado. O coordenador do Projeto Universidade para Todos (PUPT), Rodrigo Trazzi, considera a mudança um avanço.

A forma como o Enem é elaborado é muito inteligente. É uma prova qualificada, que exige contextualização, análise crítica e visão interdisciplinar dos alunos. Além disso, para o estudante da escola pública, fica mais barato, pois a inscrição para o vestibular é muito cara , avalia Trazzi.

Já a coordenadora geral do Colégio Darwin, Helô Manato, acredita que o Enem poderia ser usado apenas para a seleção na primeira etapa do vestibular. A segunda fase deve respeitar as especificidades de cada curso. Além disso, a prova deveria ser feita mais no fim do ano. Em agosto os estudantes do 3º ano ficam muito prejudicados , aponta.

O diretor do Colégio Leonardo da Vinci, José Antônio Pignaton, faz ponderações quanto à proposta. O vestibular da Ufes é mal elaborado, tem muitos erros. Não há transparência na correção da redação e das provas discursivas. Mesmo assim, sou favorável que o Enem substitua apenas a primeira etapa porque as realidades regionais devem ser respeitadas , destaca Pignaton.

O que eles acham das mudanças
É complicado. Temas abordados na Ufes não são cobrados em outras instituições
Guilherme Gualberto , 17 anos, 3º ano, candidato de Direito

Iria facilitar a vida de quem precisa viajar para fazer vestibular em várias universidades
Fernanda Tonin i Pereira16 anos, candidata de Engenharia Elétrica

Com as mudanças, a prova terá de ser adiada. O Enem em agosto prejudica quem é do 3º ano
Sathya Carnielli , 16 anos, candidata de Engenharia Civil

A redação pode até ser unificada, mas a prova não. Tem que ser específica para cada curso
Ramon Tardin 17 anos, candidato de Medicina

Análise

Não vai dar certo
Rachel Baião Duemke , Mestre em Educação e especialista em Ensino Superior da UVV

O desempenho do estudante não deveria ser avaliado com um novo Enem, mas sim com avaliações ao longo do ensino médio. É complicado unificar. O que representam, por exemplo, 80 pontos de um candidato de escola pública e de particular, no Espírito Santo e no Amazonas? Essa proposta pode gerar perda em conteúdos, como História e Cultura locais. Se esses conhecimentos não forem cobrados no vestibular, os alunos não vão querer saber deles. Uma iniciativa que parece artificial, infrutífera e que não vai dar certo.

Proposta torna Enem mais difícil
Se a proposta do MEC for aprovada, o novo Enem deve ficar mais difícil. Hoje a prova conta com redação e 63 questões objetivas, a maioria de História e Geografia, com enfoque em conhecimentos gerais. Na nova, podem ser incluídas questões discursivas, além de específicas para áreas como ciências, para candidatos de Medicina.

A nova prova seria dividida em quatro eixos: Linguagens e Códigos, que pode incluir questões de línguas estrangeiras; Matemática; Ciências Naturais, onde podem ser cobrados conhecimentos de Biologia e Química; e Ciências Humanas, como História e Geografia.

Para que haja tempo para elaboração da nova prova para este ano, a proposta deve ser definida com as universidades até maio, já que o Enem é feito em agosto.

Sedu: decisão prejudica currículo
O Secretário de Estado da Educação, Haroldo Corrêa Rocha, faz ponderações à proposta do MEC de criação de um novo Enem. Para ele, a substituição da primeira etapa do vestibular pelo exame é boa, mas Rocha não concorda que uma prova única seja usada também no lugar da segunda fase. Para ele, o currículo do ensino médio sairia prejudicado.

O Brasil é muito grande e as particularidades de cada região precisam ser respeitadas. Cada estado tem sua História e sua Cultura e não vejo como unificar o currículo. Hoje o ensino médio tem um currículo básico, mas em cada escola há variações, segundo o projeto pedagógico. O cotidiano das escolas não podem ficar distante da realidade dos alunos , explica Rocha.

O secretário avalia que o Enem é uma prova já consagrada e sua utilização na primeira etapa dos vestibulares é viável. Usado na primeira fase, o Enem teria grande virtude, já que ela representa cerca de um terço de todo vestibular. É uma prova que trabalha mais a interpretação do que a memorização, o que é muito bom , avalia.

Publicado em quinta-feira, 26 de março de 2009

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